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Rio, Brazil
Oi, eu sou um ilustre desconhecido da mídia náutica, não dei nenhuma volta ao mundo, o máximo que já fiz foi navegar umas 400 milhas entre o Rio e Ilha Bela e arredores num Veleiro pequeno. Minha intenção é facilitar o entendimento da navegação para todo aquele que suba à bordo de qualquer embarcação. Este é o primeiro passo antes de entrar em um Curso de Navegação antes de se submeter às provas da Capitania para Habilitação de Amador. Portanto, se você quer aprender algumas coisas sobre navegação de maneira simples, ou vez por outra cambar pra bombordo em alguma tentativa de poesia: Seja Bem Vindo à Bordo!!! elmoromao@gmail.com

27/04/2011

O que fazer no Mau Tempo???

No mau tempo a navegação vai exigir alguns cuidados; muito se fala em diversas técnicas de enfrentar o mau tempo, alguns navegadores experientes mencionam técnicas antagônicas, mas que deram certo para ambos... o que fazer então? Quem está certo, o navegador A ou o navegador B??


A resposta está num dos primeiros artigos que escrevi e que a navegação em mau tempo não era o foco, lá dizia: Navegar é a arte da observação, ou algo do tipo...rsrrsrs

É por isto que ambos navegadores estão com razão, pois certamente os barcos são diferentes e as condições de mar também; portanto o que eu sugiro fortemente é que experimentem SEMPRE seus barcos, sintam seu comportamento de frente pras ondas, de lado, inclinado, com velocidade, devagar; nós sempre cometemos o mesmo erro quando estamos passeando: queremos seguir um rumo certo e reto e negligenciamos uma coisa que todas as crianças fazem: ZIGUEZAG!!!

O ziguezag é a arte do experimentar, experimentar até onde vai o volante girando só prum lado, e até onde vai o barco no traçado da sua curva de giro... quanto aderna teu barco se estiver na máxima velocidade e guinar 90 graus? Quanto de leme tem que dar pra que ele responda na mudança de 30 graus? Pouca gente sabe isto e deveria saber empiricamente brincando feito criança!!!

No mau tempo nunca fique atrelado a conceitos que não são seus!!! Afinal você é o Comandante e teoricamente deveria conhecer o teu próprio barco, portanto experimente sempre que as condições de segurança permitirem, pra que na hora H você tenha o conhecimento de qual será a melhor tática para conviver com o mau tempo; observe que eu disse CONVIVER e não enfrentar, porque o mar é um ambiente hostil (esta frase não é minha, foi alguém da lista que freqüento que disse e eu achei muitíssimo apropriado). Existem diversas técnicas para lidar com o mau tempo: capear, correr com o tempo, ficar em movimento, ficar parado, diminuir a velocidade e por aí vai.... a questão é qual o melhor resultado para o TEU barco?? O melhor resultado para o TEU barco poderá ser bem diferente que para o MEU barco; nos artigos anteriores eu falei de uma travessia pra Angra que abortei por causa do mar só porque a velocidade mínima que planejei não seria possível, pois o rumo e a velocidade do vento faziam que o barco (veleiro 23’ de um amigo) voasse sobre a onda e batesse direto nos cavados deixando quase toda a quilha no ar... se eu optasse por diminuir a velocidade de forma a cavalgar suave as ondas eu iria chegar a Angra em 2 dias... abortei porque podia abortar a missão, do contrário eu iria seguramente levar 2 dias pra chegar em segurança; pois o barco certamente não iria suportar tanta pancada no casco fino fabricado a mais de 20 anos. É essa sensibilidade que todo Comandante deve ter!!! e ter também ziguezagueando bastante nos passeios com tempo melhor!!! Rsrsrs!!!!

No mau tempo você pode fazer o seguinte:

1- continuar em movimento à vante inclinado uns 30 graus em relação às ondas
2- continuar em movimento à vante com baixa velocidade e com velas reduzidas (chama-se rizar velas) e fortes o suficiente para agüentar o tranco
3- virar a popa pro mau tempo e ir navegando junto com a tormenta (lembrar que este deslocamento pode te levar pra costa, onde tem pedras e arrebentação, ou tem ondas muito maiores porque o fundo é mais raso)
4- parar o barco totalmente e ficar boiando
5- lançar um cabo longo cheio de tralha (ou um drogue profissional) de forma que o barco não seja arrastado em velocidade pelo vento e ondas
6- quanto ao cabo (drogue, âncora de mar) pode ser lançado pela popa, pela proa, inclinado pela bochecha...

Todas estas táticas vão depender do TEU barco e do particular estado do mar!!!

Já vi diversas opiniões considerando que um barco seguro pra mar aberto são aqueles de longas quilhas no sentido longitudinal, já vi também um estudo quase científico dizendo que o melhor são quilhas mínimas pra não ter arrasto quando a onda te puxar pra cima, evitando assim que quebrem em cima do convés. No fundo a questão se resume no tipo de mar e no rumo que se tem que tomar, pois ainda não temos um barco que possa mudar o formato do casco pra uma situação específica.

Em resumo a situação deve ser entendida da seguinte maneira:
1- teu barco pode ficar voando sobre as ondas e se espatifando nos cavados sem risco de quebrar em “x” horas? Então meta o pé no acelerador, ou trime a vela
2- do contrário lance um drogue pela proa e agüente o mar pela bochecha, lembrando que teu leme poderá quebrar pelo movimento pra ré
3- ou então corra com o tempo se teu barco não corre o risco de inundar pela popa e assim derrabado capotar pra trás, ou ainda se enfiar na onda da frente e apagar o motor ou arrebentar a vela de temporal

ou seja: temos um monte de “SE”

estes “SE” somente serão respondidos se tivermos brincado de ziguezag....

A navegação é a arte da observação.... e da sensibilidade do Comandante!
Mas...

sempre tem um “mas”... rsrsrs

tenha sempre a bordo uma quantidade razoável de cabo de fundeio para o caso do uso de um drogue (âncora flutuante) que deve ser lançado a 2 ondas de distância, combustível para o dobro do percurso, um conjunto de vela de temporal e outros apetrechos de segurança... rádio, pirotécnico, bateria, linha de vida, colete, epirb, AIS... e sempre consulte a previsão do tempo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!