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Rio, Brazil
Oi, eu sou um ilustre desconhecido da mídia náutica, não dei nenhuma volta ao mundo, o máximo que já fiz foi navegar umas 400 milhas entre o Rio e Ilha Bela e arredores num Veleiro pequeno. Minha intenção é facilitar o entendimento da navegação para todo aquele que suba à bordo de qualquer embarcação. Este é o primeiro passo antes de entrar em um Curso de Navegação antes de se submeter às provas da Capitania para Habilitação de Amador. Portanto, se você quer aprender algumas coisas sobre navegação de maneira simples, ou vez por outra cambar pra bombordo em alguma tentativa de poesia: Seja Bem Vindo à Bordo!!! elmoromao@gmail.com

06/05/2013

O Medo faz parte do Ser Humano

Ao contrário do que muita gente diz,  O Medo é o que nos mantêm vivos...
Se o homem lá nos idos tempos de seu surgimento fosse brabo e valentão, resolvendo tudo no braço, a humanidade não teria chegado até aqui, e olha que isso não é um tratado de covardia!!!

Quando eu escalava eu sempre lembro de um garotinho que estava na grade do pão de açucar quando eu estava chegando no topo do morro, ele me gritou: Oi moço! Você não tem medo?
E eu disse: tenho sim, aliás morro de medo e é por isso que eu consegui chegar até aqui, senão eu certamente teria caído... aí eu expliquei: quem não tem medo escala sem corda (em montanhismo chamamos corda e não cabo, viu?) e quem escala sem corda porque não medo acaba caindo... este episódio que nunca me esqueço mostra 2 coisas, primeiro o medo como elemento de nos manter vivos, e depois a capacidade de analisar a situação e tirar atitudes que nos mantêm vivos, neste caso a segurança de uma "cordada" costurada na pedra...

Depois da montanha passei ao mar, e velejando lembro de uma outra frase - esta eu não vivenciei - é da IZabel Pimentel (aquela brasileira - carioca? - que deu a volta ao mundo em solitário) ela disse que passaria uma temporada velejando em Portugual porque lá as ondas são maiores... por que ela fez isso? Vamos ver algumas vertentes do comportamento humano...

Pra entender o medo devemos analisar algumas coisas (que me perdõem os Pscicólogos mas é teoria minha):
1- o excesso de espírito de macho vez por outra nos colocam em apuros, e alguns podem ser fatais
2- O nosso cérebro é preguiçoso, e é por isso que ele às vezes nos engana deduzindo coisas que não existem na realidade. Quer um exemplo? veja uma série de sites de ilusionismo. Entã se você sempre veleja em águas tranquilas (feito baía da GB) e ao sair na boca da barra (que quase sempre tem ondas um pouco maior devido à profundidade variar bastante e já falamos disso em tópicos anteriores) o teu cérebro vai dizer: credo! que onda enorme!!!
3- o que o cérebro fez no item 2 foi só comparar com o padrão que ele estava acostumado na baía da GB... estamos sempre tentando achar um padrão normal para as coisas que nos ocorrem
4- Juntando o item 2+3 vamos chegar à brilhante iniciativa da Izabel: formatar um novo padrão de normalidade no tamanho da ondas que seja maior do que o experimentamos na baía... e obviamente adquirir experiência em mares diferentes... mais grossos...

O que isto significa? 
Significa que se estamos habituados a navegar em mares mais altos a nossa referência de aperto, ou de medo de altas ondas, estará bem mais alta do que quem está habituado a marolas na baía; é questão de referência; a tua referência de onda alta é muito mais alta do que a referência de quem está habituado a pequenas ondas. se você estáacostumados a mar grosso qualquer marola mais alta da baía será sempre uma marolinha...

Mas e daí?
Daí que:
1- Medo é normal e saudável
2- A adversidade nos eleva a um patamar mais alto e mais confortável com relação ao medo
3- Navegar em mares mais altos nos eleva a um patamar de conforto e segurança onde não teremos mais tantos medos, e o mais importante e que ainda não foi dito e que deve ser regra...
4- a ausência de medo jamais poderá singnificar significar a ausência de condições seguras!!!!!!!!!!!!!

Experimente isto, mas conheça o seu barco!! Conheça os seus limites na teoria, consultando seus dados técnicos de construção, tais como as curvas de adriçamento, flutuabilidade, curvas de vento e principalmente: conheça-o na prática: experimentando as condições de navegabilidade e as respostas ao teus comandos a bordo.

Episódio 1:
Quando eu comecei a velejar no meu Atoll 23 uma vez, logo no início, eu convidei meu amigo Gustavo pra me ensinar algumas coisas, e tava um ventão danado e o barco todo adernado; esse meu amigo uma certa hora entrou pra cabine e eu fiquei apavorado, pois tinha perdido um peso considerável na borda que iria mantê-lo equilibrado... ele olhou pra mim e disse: relaxa que esse barco não vira assim não... não virou. a partir daí passei a testar até onde poderia ir a cruzeta dentro dágua....  e me senti muito mais confortável

Episódio 2:
Quando estava chovendo e ventando muito com um mar de borrasca meu amigo Lauro sempre que podia ia pro mar pra experenciar barco e comandante; seu argumento era: se eu não treinar isso em condições controladas e saber exatamente onde o  barco pode ir,  na hora do aperto estarei realmente num aperto, então é melhor experimentar em condições mais controladas

Episódio 3:
Meu primo Luiz comprou um barco grande e foi velejar no meu com o mesmo intúito de aprender e aí eu fiz a mesma coisa que aprendi com o Gustavo, e disse pra ele: um dia você vai estar relaxado a bordo com um ventão danado e vai perceber que teu bordo de sotavento está dentro dágua e você nem vai se dar conta que tem medo, porque você aprendeu que essa condição é bastante normal no teu barco. Dito e feito, quando ele estava todo adernado e navegando sob controle se surpreendeu com a lembrança da frase...

É isso: experimente em ambiente controlado com condição adversa, você e sua tripulação só tem a ganhar, mesmo que vez por outra vocÊ DETERMINE: vamos voltar! Já fiz isso várias vezes escalando e velejando!!! rsrs!

Abraço Grande!!!