Este site se propunha a ser de navegação... hummm, mas temos tantos eletrônicos a bordo atualmente que não temos como renegar o aspecto eletricidade, e já que frequentemente temos pessoa perguntando sobre carregadores, controladore, painéis solares e outras traquitanas tecnológicas que não tenho como passar ao largo num rumo diferente... obviamente, tal qual a proposta do blog, não iremos descrever os processos químicos dos ácidos sulfúricos recombinados aos hidrogênios da eletrólito...
Então é ler e entender rapidamente como a “coisa” funciona e desvendar mitos e até quebrar paradigmas e, se for o caso, e ir buscar mais informação em outras praias....
Vamos começar do começo, vamos comprar uma bateria de 100AH (amper hora) eu disse amper vezes hora e não amper por hora, veja a diferença:
Uma bateria de 100AH produz 100 Amperes em 1 hora, pois 100AXH = 100X1, cem amperes em 1 hora. Esta mesma bateria de 100AH irá produzir 50 amperes em 2 horas; ou 25 amperes em 4 horas; ou 12,5 amperes em 8 horas; pois a relação amperXhora deve ser mantida; ou seja: 12,5X8=100, ou 25X4=100, ou 50X2=100.... ou seja, a capacidade de uma bateria é a quantidade de corrente elétrica (Amper) que ela consegue fornecer em um determinado tempo!!!
Já perceberam que devemos desmembrar as coisas em horas de uso né?!! Se eu tenho um equipamento que consome 25 amperes.hora e precisa ficar ligado por 5 horas a bateria de 100AH não vai segurar pois ela fornece 25 amperes em 4 horas... essa é a chave do entendimento técnico; mas vamos facilitar a vida, afinal normalmente nenhum equipamento vem escrito na sua plaquinha o consumo em amper e sim em WATT... então imagine o seu rádio VHF de 25 W que fica ligado num banco de bateria de 12 volts; este rádio consome 25/12= 2,xx AH (pra facilitar vou usar 2AH); ou seja, se ele vai ficar ligado por 5 horas o consumo será 5X2AH =10AH, ou seja ainda, se sua bateria é de 70 AH irá suportar tranquilamente o rádio ligado por mais de 5 horas direto.
Vamos brincar um pouco mais focando que você tem uma bateria 70AH e 2 equipamentos, sendo um de 25 W e outro de 45 W; vou arrendondar as contas pra facilitar o entendimento; a pergunta é: a sua bateria suporta uma viagem pra Ilha Grande (de 10 horas) com os 2 equipamentos ligados??
Vamos aos consumos dos equipamentos: 25+45=70W, se ambos estão alimentados por 12 volts então consumirão 70/12=6AH
Se devem ficar ligados por 10 horas então o consumo total será 6AHX10=60AH
Se a sua bateria é de 70AH então suportará toda a travessia ligados... mas calma que a teoria na prática é outra... existe um fator que deve ser aplicado pra diminuir a capacidade em amper.hora da bateria para efeito de cálculo de consumo; vamos usar 50% pois a capacidade descrita na bateria é NOMINAL e não EFETIVA (é a diferença entre a teoria e a prática...rsrsrs)
Vamos fazer um exercício mais perto da realidade: de novo, imagine... você fará uma viagem Rio-Ilha Bela com uma pequena parada na Ilha Grande; ao todo levará 2 dias inteiros, seu equipamento compõe-se de 1 rádio VHF de 25W, luzes de bordo com 10W e bomba de porão de 15W; o rádio e a bomba ficarão ligados o tempo todo pois na parada na Ilha Grande você precisa ficar atento aos informes meteorológicos e as conversas com outros navegadores; as luzes de bordo ficarão em uso por 5 horas por dia. A pergunta é: quanto de bateria é necessário para esta travessia? Vamos aos cálculos...
Se considerarmos que a bateria tem rendimento de 50% então teremos que ter uma estupenda bateria de 340AH. Agora veja que curioso, se esta viagem levasse 20 dias teríamos que ter uma bateria de 340AH vinte vezes maior??? O barco afundaria com tanto peso....rsrsrs a solução são os carregadores e painéis solares pra repor a energia drenada pelos equipamentos, aí poderemos ter baterias menores, mas devemos considerar que o à noite não temos sol, no caso dos painéis... mas isso é outra história que eu preciso estudar mais...
Letras miúdas: um rádio VHF típico consome 1w somente na escuta, em uso pode chegar aos 25 W ou mais.
Quem sou eu
- Coisas de Barco
- Rio, Brazil
- Oi, eu sou um ilustre desconhecido da mídia náutica, não dei nenhuma volta ao mundo, o máximo que já fiz foi navegar umas 400 milhas entre o Rio e Ilha Bela e arredores num Veleiro pequeno. Minha intenção é facilitar o entendimento da navegação para todo aquele que suba à bordo de qualquer embarcação. Este é o primeiro passo antes de entrar em um Curso de Navegação antes de se submeter às provas da Capitania para Habilitação de Amador. Portanto, se você quer aprender algumas coisas sobre navegação de maneira simples, ou vez por outra cambar pra bombordo em alguma tentativa de poesia: Seja Bem Vindo à Bordo!!! elmoromao@gmail.com
14/04/2011
10/04/2011
Bússola - Regulagem
Nos primeiros artigos falamos sobre os desvios da agulha magnética, desvios intrínsecos da própria bússola, desvios causados pelos ferros a bordo e desvios causados pelas "irregularidades" do fluxo magnético do nosso planeta terra; hoje vamos dar uma dica de como medir o quanto de desvio sua bússola possui; é bastante simples, mas antes um alerta: bússolas não são idênticas!!!
As bússolas tradicionais (tipicamente usadas por mantanhista e escoteiros) possuem a indicação graduada do rumo gravada no corpo do instrumento, assim é preciso sempre estar "rodando" o instrumento para fazer coincidir o norte gravado no corpo com o ponteiro magnético; as bússolas náuticas possuem as gravações graduadas no próprio "ponteiro" que normalmente são circulares, assim o corpo do instrumento não possui nenhuma graduação de graus e minutos. Outro ponto que merece destaque na bússola náutica e que pode parecer insignificante, é o fato de que a graduação, gravada no próprio círculo magnético, é invertida de 180 graus, explicando: o valor do grau que se vê nas bússolas de antepara (ficam presas em painéis verticais) são na realidade a direção do rumo; se você comparar com uma bússola de mão (de montanhismo) vai verificar que são a mesma coisa, porém a graduação visível que nos interessa é posta na parte anterior já que a parte posterior está encoberta pela antepara.
O fato citado acima deve ser considerado na hora da compra pois existem bússolas que são exclusivamente feitas para serem observadas de cima e possuem orientação tradicional para uso manual, ou seja, vista de cima onde se vê toda a graduação; esta semana eu vou anexar uma foto aqui mostrando a diferença entre elas já que eu tenho os 2 tipos. Mas voltando ao tema... os desvios da agulha são como se a direção norte indicada pelo ponteiro não apontasse exatamente para o norte magnético, por um erro intrínseco da tecnologia construtiva faz com que o ponteiro não fique EXATAMENTE alinhado ao fluxo magnético; o ponteiro fica uns 5 graus para a esquerda ou para a direita de quem olha de cima.
Devido ao processo de construção e a localização dos elementos ferromagnéticos a bordo estes desvios não são constantes para qualquel rumo, ou seja, se o barco está aproado ao norte o desvio poe ser de 5 graus leste, mas se estiver aproado a oeste o desvio poderá ser de 4 graus (exagerando um pouco). Na prática consideramos um único desvio e efetuamos os cálculos do rumo na carta considerando apenas ele.
Ao comprar uma bússola normalmente ela vem com uma chapinha amarelada parecendo latão (é um material não magnético) que serve de chave de fenda para a regulagem onde se atua em 2 parafusos, ou mais... recomendo fortemente que procure uma pessoal especializado para isso... (rsrsrs). Você pode saber qual é o desvio da sua bússola simplesmente marcando 2 pontos notáveis na carta náutica e sabando o alinhamento entre estes 2 pontos verificar quanto marca sua agulha colocando seu barco neste alinhamento, ou se você morar no Rio, colocar seu barco no alinhamento do farol da Ilha Rasa com a ilha Lage (ilhota perto da saída de Botafogo), este alinhamento´está a ZERO graus, portanto alinhado no sentido norte-sul. Ou ainda usar o alinhamento da torre da Mesbla (que tem o relógio, hoje CONTAX) com a igreja de Boa Viagem em Niteroi que dão 087 graus. Da igreja da Boa Viagem se tem bons alinhamento: 310 para as feiticeiras, 112 para ilha Fiscal, 075 para o outeiro da Glória.... eu não se ainda existe mas a DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação) tinha uma carta de 1993 onde existiam plotados estes alinhamentos, mas cá pra nós, pegue uma regua paralela ou um par de esquadros e faça você mesmo o seu alinhamento...rsrsrs!!!
É mais prático usar o alinhamento da ilha Rasa, de cara se sabe o desvio pra E ou pra W. Boas rumadas!!!
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