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Rio, Brazil
Oi, eu sou um ilustre desconhecido da mídia náutica, não dei nenhuma volta ao mundo, o máximo que já fiz foi navegar umas 400 milhas entre o Rio e Ilha Bela e arredores num Veleiro pequeno. Minha intenção é facilitar o entendimento da navegação para todo aquele que suba à bordo de qualquer embarcação. Este é o primeiro passo antes de entrar em um Curso de Navegação antes de se submeter às provas da Capitania para Habilitação de Amador. Portanto, se você quer aprender algumas coisas sobre navegação de maneira simples, ou vez por outra cambar pra bombordo em alguma tentativa de poesia: Seja Bem Vindo à Bordo!!! elmoromao@gmail.com

31/05/2013

Às vezes a tripulação não tem lugar pra pernoite no barco, o que fazer?

Vez por outra saímos numa travessia pra passar alguns dias a bordo e nem sempre nosso barco oferece conforto adequado a todos os tripulantes, como é o caso do meu... normalmente durmo no chão, pois: balança menos, tem espaço de sobra e não dá pra cair, afinal do chão não passa né?!
Por uma questão de conforto e também de privacidade a tripulação às vezes prefere ir pra terra, o que nem sempre significa ir pra um hotel - não vai porque pode não existir um hotel, ou - o mais importante - pode não ter suficiente dindin (o que é mais comum), neste caso a alternativa é lançar mão de uma barraca e acampar; o que é muitíssimo divertido, desde que você siga alguma regras.... 

Como sou um enjoado montanhista (ou era), quer dizer: era montanhista (há tempos que não escalo) mas continuo enjoado, vou dar algumas dicas que aprendi no tempo de montanha; mas antes disso deixa-me falar algumas coisas sobre acampar. Muitas pessoas torcem o nariz sobre o tema, com algum asco porque atribuem como regra alguns desconfortos típicos de pessoas que não sabem escolher o lugar de montar a barraca, ou mesmo escolher a barraca certa, o lugar certo e principalmente a orientação correta na montagem da barraca. Outro ponto é o lugar - no sentido mais amplo - que deve ter uma infraestrutura, afinal não se admite mais fazer coco no mato...rsrs! Como dizia o Jack, vamos por etapas (seria partes...);

Antes de começar a falar sobre o que fazer vou dizer o que NÃO fazer, para isto você precisa entender algumas coisas... dentre estas coisas você precisa saber quem é o público que você vai levar pra acampar, atenção mulheres, não é nada pessoal, pois conheço homens que tem verdadeira aversão a lugares que não possuem espelhos... calma... risos! Você precisa conhecer as pessoas, não conhecer do ponto de vistas se elas são isto ou aquilo, se só dormem com a TV ligada e no ar condicionado super gelado, mas principalmente se elas tem algum tipo de problema que poderá tornar sua viagem um outro problema... explico:
1- alguém tem alergia a ponto de ter que chamar um médico? insetos, bronquite, coluna... coisas de saúde (ou falta de) - isto é de suma importância!!
2- agora você pode pensar na falta da TV... existem pessoas que não vivem sem ela e são incapazes de fazer outras coisas pra se divertirem (fique certo, tais pessoas existem)
São somente 2 itens mesmo, os outros são pura questão de bom senso, veja só, na cidade você preenche o dia com coisas variadas (incluindo a TV), no campo, na mata, na praia, você preenche o dia curtindo o dia e deve fazer isso obrigatoriamente, pois o dia começa cedo, principalmente pelo fato de a barraca ficar incrivelmente quente e à noite é incrivelmente escuro (a depender do lugar), mas isso pode se transformar num evento ótimo se você souber os nomes de algumas constelações, pois o céu é impressionantemente lindo e limpo.

vou dividir o que sei em 2 tópicos: a barraca e o lugar, pois as pessoas é contigo mesmo... rsrs! Os risos é porque tem gente que não abre mão da TV nem pra ver a fosforescência da água à noite, que mais se parece com os fogos de Copacabana no réveillon ou pra descobrir que no céu a cada minuto somos bombardeados por meteoritos que parecem busca-pés em festa junina...

A fosforescência da água é causada por alguns organismos (um tipo de plancton?) que emitem luz, assim se você farfalhar a mão na água  vais ver coriscos brilhantes; em alguns lugares mesmo no maior negrume da noite se consegue ver o quebra mar. Nota: isto só é possível em lugares pouco poluídos, e este fenômeno se chama ARDENTIA, de barco é muito bonito ver a esteira faiscando. Vamos aos tópicos:

Escolhendo o Lugar:
1- O local deve ter uma infra, afinal um banheiro é sinal do ecologicamente correto e  um chuveiro de água quente anima qualquer descrente de que acampar pode ser divertido - existem diversos lugares assim, por incrível que pareça
2- o lugar de montar a barraca deve ser escolhido com cuidado. Observe alguns itens: a maré vai subir até a barraca? considere 2 fatores: a amplitude da maré (lembrando que no Maranhão a maré sobe a quase 6 metros ou mais) e a possibilidade de uma passagem de frente deixando a mar mais alto e até com ressaca. Considere que quanto mais perto do mar mais úmido estará o chão.
3- Qual é o regime de vento do lugar? Você pode consultar a Carta Piloto do mês em questão. esta informação é útil pra saber qual é a orientação que terá sua barraca pra receber o vento. Se o lugar é muito quente à noite (bem difícil à beira do mar) você pode deixar um ângulo para entrada de vento pela "porta" da barraca pra dar uma refrescada, mas lembrando que se ela (a barraca) não tiver uma saída pro vento corre-se orisco de virar um paraquedas e subir...
4- Fique longe das beiradas de rios, pois as nuvens lá em cima podem desabar um aguaceiro e você ficar ensopado com o aumento do nível do rio, ou acordar sobressaltado à noite porque algum animal foi beber água... a propósito: no Brasil NÃO tem leão, girafa, elefante e nem godzilla...
5- Monte a barraca debaixo de uma árvore, mas observe o chão, raízes não são boas companheiras em colchonete fino ao se deitar... mas não escolha um coqueiro, afinal cocos pesam bastante e aumentam de peso se considerar a aceleração da gravidade (Vf=raiz de 2GH é isso mesmo?)
6- Olhe o local, às vezes o local mais improvável mais perto da praia é melhor do que longe dela, observe a topologia do lugar, os níveis mais baixos partindo do mar, se existem pedras na frente da praia... Lembro de um episódio na Ilha Grande (praia Brava) onde montei a barraca bem perto do mar, ao contrário de outros tantos campistas, mas falo disso mais à frente.
7- Barracas são fixadas por pecinhas finas (um tipo vergalhão fino encurvado no alto) presas por cabinhos, chamam-se "espéques", portanto são muito difíceis de ficarem presos em chão de areia fina; prefira solo duro, se não for possível não os utilize, em seu lugar enterre pedras presas nos cabinhos que sustentam a barraca. Cave um buraco na areia - fundo, 2 palmos- prenda o cabinho e ajuste a barraca; considere que o vento poderá tirar a areia de cima da pedra enterrada. Não exagere, não é um penhasco, é uma pedra do tamanho da sua mão... a menos que sua barraca seja daquelas que tem sala, quarto, varanda, vaga na garagem....rsrs!
8- Mantenha sua barraca sempre fechada quando não estiver nela, se vc estiver por perto pode deixar aberta só com a proteção de tela (falo sobre isto no tópico: A Barraca)
9- Se possível monte sua barraca voltada pra leste de forma a acordar cedo com o nascer do dia, se você não sabe onde é o leste, olhe a carta náutica ou veja aqui mesmo alguns tópicos sobre isto...rsrsrs!!!
10- Nas praias sempre tem um monte de paus e restos de árvores que podem ser utilizados como uma pequena mesinha pra fazer comida e organizar as coisas do dia a dia, mas nunca deixe comida do lado de fora.. macacos são bichos bem danados no furto... guarás também. Nunca cozinhe fazendo buraco da areia pra fugir do vento, sempre cai areia no arroz...kkk!!!

Fiz questão de colocar somente 10 itens, o assunto dá margem prum papo de horas... mas preciso falar mais uma coisa: cuidado com fogareiros, no ambiente aberto e com sol pouco se vê a chama e você pode se queimar ou não ver que o fogo apagou, tenha sempre um Picrato de Butezin à mão.

Ah! já ia me esquecendo, vou falar da escolha do lugar lembrando um fato ocorrido na Praia Brava... estava com meus 2 filhos escolhendo um lugar pra montar a barraca (daquelas com vaga na garagem.... um trambolhão!) e escolhi um lugar bem perto da água; no local já haviam uns 10 ou 12 campistas, todos enfiados longe do mar e quase perto do paredão de mata que se erguia a poucos metros da linha dágua média preamar-baixamar. 
O lugar fora escolhido propositadamente, pois a praia Brava (que nome hein?!) era bem pequena e na beirada da água se via em nível mais baixo uma língua de assoreamento que se dividia para os 2 lados partindo do meio da praia (que não tinha mais do que 50 metros - eu acho); isto era devido a uma ilhota que ficava a menos de 30 metros da areia e não possuía mais do que 2 metros na flor dágua; o que fazia com que qualquer marulho ou ressaca fosse dividido ao meio empurrando o fluxo de água para as duas metades da praia. Não deu outra; todos vieram falar comigo sobre a proximidade da água... expliquei o raciocínio da escolha e não deu outra: depois de 4 ou 5 dias entrou uma ressaca que foi colher TODOS a mais de 30 metros da areia quase na encosta da montanha... resultado: passamos uns 2 dias com todas as mulheres e crianças dormindo no meu bangalô-trambolho, deviam ter mais de 10 pessoas, os marmanjos se viraram como puderam... tem outras histórias de como desentupir um lampião de camisinha (que é especialidade do meu filho) mas isto é outra história...

Vou falar sobre BARRACAS no próximo post, já aluguei vocês demais da conta...risos e risos!!!!
Grande Abraço e Abraço Grande!!!
Elmo









..rsrs!!!